quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

POR QUE ESTUDAMOS HISTÓRIA ANTIGA ORIENTAL?




Alguns acreditam que estudar o Oriente Antigo é “trabalhar com o que não presenciamos”, mas estes não percebem que o passado é verdadeiramente vivo e ainda nos influencia de modo acentuado. Seria de fato, impossível criar um resumo perfeito sobre as relações de influências que tais civilizações proporcionaram a nossa sociedade, mas também não podemos silenciá-las, pois este é o papel do historiador, de dar fala ao passado.
Em primeira instância, seria interessante fazermos uma relação entre as nossas características culturais, políticas e cientificas com o Oriente Antigo, de modo a compreendermos que estes diversos povos contribuíram na formação de nossa sociedade e, a partir de então, traçarmos uma reflexão mais aprofundada.
Sabemos que os códigos jurídicos, o direito no geral, sofreram grande influência dos Romanos, mas não podemos deixar de lado a contribuição dada pelos povos mesopotâmicos. Uma das maiores heranças sociais que estes povos nos proporcionaram, além da escrita, claro, foi a sua organização jurídica, mais precisamente, os códigos e normas que prezavam a equidade e o controle social pelo estado. A criação destas leis, tendo como principal exemplo o código de hammurabi, tornou possível aos seres humanos um novo olhar à justiça e normais que deveriam seguir em prol de uma organização social. Por tanto, a contribuição dos Sumérios e dos vários impérios semitas para a organização legislativa foi de suma importância ao desenvolvimento do direito mundial.
Como todos sabem, a cultura egípcia é fortemente ligada à religião e a maioria dos avanços desta civilização, no que diz respeito à medicina, foram descobertas pelo contato empírico com o organismo humano, em práticas ritualísticas. Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam-se os cadáveres dos faraós (predominantemente), colocando-os em pirâmides com o objetivo de preservar o corpo. Então, ao se realizarem as retiradas dos órgãos, eles descobriam cada vez mais sobre a anatomia humana e promoviam um salto no desenvolver da medicina.
Não se poderia deixar de lado a contribuição dos povos Babilônicos, Sumérios, Assírios e Caldeus no desenvolvimento das ciências, com o estudo da astronomia e da matemática. O espantoso desenvolvimento da astronomia, ainda ligado a astrologia, ocorrido na mesopotâmia, abriu portas para os estudos astronômicos ocidentais. Acreditava-se que os primeiros estudos teriam surgidos dos Caldeus, mas foi na Suméria e, com mais intensidade, na Babilônia que a astronomia se fazia mais sofisticada. O sistema numérico foi outro avanço, que de longe, era mais prático que os códigos numéricos gregos.
Dentro de todas as características originárias do oriente, fica a indagação: por que só atualmente o Oriente Antigo vem ganhando destaque nos estudos historiográficos, principalmente no Brasil?
Seria importante entender o contexto histórico do país para perceber o jogo de influencias que desmotivaram o estudo reflexivo e aprofundado da antiguidade oriental. O Brasil, com a repressão da Ditadura Militar, entrou em um processo de difusão dos estudos meramente positivistas, deixando a história antiga como simples interesse de curiosidade. A falta de estudos problematizados e reflexivos vai ao encontro do interesse do poder vigente no país. Mesmo o Brasil saindo do período de ditadura, na década de 80, o estudo de antiguidade não saiu das influências de poder, provindas de historiadores brasileiros que preferiram ver a antiguidade oriental na mesma situação. Talvez porque o Brasil tenha passado muito tempo olhando o “umbigo” ocidental, numa visão totalmente eurocêntrica ou talvez tenha se gerado um processo dicotômico entre oriente e ocidente totalmente maniqueista, sem uma analise de contribuições mutuas.
O Oriente Antigo deve ser estudado e relacionado à antiguidade ocidental para que se possam gerar relações de contribuição entre estes polos e não os diferenciando dos processos históricos de surgimento e desenvolvimento da sociedade atual.

(Escrito para a disciplina de História Antiga)


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